Blog criado como espaço de encontro e provocações para que alunos dos cursos de licenciaturas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro aventurem-se na escrita, tornando-se autores de novas versões para histórias tradicionais e de histórias inéditas.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Verdade e versões

Quando pensamos no conteúdo das histórias, nossa dimensão mais racional, aquela enamorada do método científico e do fazer ciência, questiona a possibilidade de comprovação das informações prestadas. Há em nós um sensor que nos policia e censura quanto a veracidade dos fatos. Mas o que é verdade na ciência? Verdade é aquele jeito de compreender os fatos que certo grupo de cientistas acredita e defende, considerando a existência de outros pesquisadores com opiniões levemente ou diametralmente divergentes sobre o mesmo fato. O que faz a verdade de um grupo se sobrepor as verdades dos outros vai de poder político á número de adeptos e disseminadores da ideia. Sei que este jeito de ver a ciência pode desanimar alguns, mais necessitados de uma alicerce teórico universalmente aceito, comprovado e sólido. Mas não podemos esquecer que a ciência é campo de contradições e que unanimidades devem disparar nossa desconfiança. E o que isso tem a ver com nosso curso de histórias? Não devemos "cuidar" da veracidade das histórias que contamos? Penso que o mais saudável para o processo de criar e contar histórias fosse assumirmos que trabalharemos com versões e não verdades. Se a nossa versão constitui uma verdade, sendo a versão mais aceita não nos interessa. O que nos interessa então? Interessa-nos contar histórias que envolvem a ciência em suas múltiplas dimensões, de maneira a despertar a curiosidade das pessoas para o conhecimento. A ficção nos permite a aventura de transitar pelas muitas versões da ciência. Como nas palavras do FANTÁSTICO  Manoel de Barros:

A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um sabiá
Mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força existem nos encantos de um sabiá.
Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar: divinare.
Os sabiás divinam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário