Blog criado como espaço de encontro e provocações para que alunos dos cursos de licenciaturas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro aventurem-se na escrita, tornando-se autores de novas versões para histórias tradicionais e de histórias inéditas.

domingo, 25 de setembro de 2011

A história de um Tatu-Canastra - Máximus (Thaiane): parte II e será que acabou?

Era uma vez, um lugarzinho mágico, bem no meio do cerrado, lá moravam um montão de bichinhos. Neste lugar havia muitas árvores e plantas bonitas, havia também um rio bem grande e cheinho de peixes: tucunarés, tilápias, carás, lambaris, e muitos outros...

Lá embaixo bem depois do lago dos buritis morava um tamanduá Bandeira, num enorme bambuzal que lhe servia de toca. Ele passava horas e horas se alimentando nos formigueiros que ficavam ali por perto, porque sua refeição favorita são as formigas! Ele era enorme um dos maiores tamanduás que existia por lá, sua calda era enorme e parecia mesmo uma bandeira. Ela mexia para um lado e para o outro deixando todos hipnotizados com tanta beleza. O tamanduá não tem dentes, é muito engraçado um bicho deste tamanho sem dentes. Ele tem uma língua enorme muito gosmenta, com ela consegue pegar as formigas.

No campo o Lobo-guará passava as noites procurando lobeiras, que são uns frutos de um arbusto cheio de espinhos. Na verdade era uma loba, ela era muito elegante. Parecia uma dama de vermelho com luvas pretas bem longas. Quando ela caminhava mostrava suas longas patas e mais parecia que estava desfilando. Todos os animais sabiam que quando ele uivava bem alto Auuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu era porque tinha se espetado nesses espinhos da lobeira.

Pássaros então têm tantos que às vezes eles se trombavam no ar. Os sanhaços-caboclos sempre saem acompanhados das esposas, já os pássaros João de barro ficam cuidando da casa o dia todo, para os Sagüis não irem lá encher a paciência dos filhotes. Também tem o Tucano, o Curiango, as Seriemas e tantos outros.

Mas o que tem pouco mesmo é o tal de Tatu-Canastra. Só tem um, o Máximus o bichinho mais difícil de ver por lá. Ele passa o dia todo debaixo da terra cavando grandes túneis. Às vezes ele sai de lá de dentro para buscar uma fruta para comer, mas isso é só de vez em quando. Ele sai tão de mansinho que ninguém escuta seus passos, só vão perceber que alguém esteve ali por causa dos imensos buracos que ele deixa pelo chão. Já me disseram que cabe até gente dentro desses enormes buracos.

Apesar de ficar lá em baixo o Máximos sabe de tudo que acontece por que ele escuta incrivelmente bem, ele também é muito esperto. Os outros bichos não o conhecem muito, mas ele conhece todos por que escuta tudo que acontece. Ele tem grandes orelhas e uma calda bem grandona. O Máximus tem um casco muito forte que o protege de baixo da terra, e para cavar tem uma unha muito forte e que parece uma picareta de tão grande! Ele é musculoso e bem forte por fazer tanto exercício cavando de baixo da terra.
Apesar de tímido e de não aparecer muito para os outros, ele vive grandes aventuras junto com suas amiguinhas que também gostam de cavar túneis, só que bem menores que os do Máximus.

Uma delas é a Alba, uma amphisbaena. Ela é um tipo de lagarto só que não tem patas, afinal de que lhe serviriam as patas de baixo da terra? Mesmo sem patas a Alba é muito forte e consegue cavar túneis bem rápido, ela é bem espertinha e adora brincar. Ela engana todo mundo andando para frente e para traz e confundindo todo mundo com sua calda que é muito parecida com sua cabeça. E por causa disso tem muita gente que a chama de Cobra de duas Cabeças, mas ela não é uma cobra e nem tem duas cabeças. É uma grande amiga, ela é muito tagarela e inquieta, quer saber de tudo, é muito corajosa também e sempre coloca o Máximus em confusão.

Já a Cecília é uma Gimnofiona, ela é bem mais calma que a Alba, mas é genial para inventar planos para as aventuras dos três. Ela é muito bonita! Seu corpo é todo azul escuro circulado por anéis azuis claro, mas quando ela ficar bem adulta e tiver filhinhos algumas vezes ela vai ficar cinza! É por que as fêmeas, da espécie da Cecília, alimentam os filhotes recém-nascidos pela sua pele, que fica bem grossa e muda de cor e tem todos os nutrientes que eles precisam. A Cecília já não faz mais isso por que já está bem crescidinha e agora come sozinha, mas alguns irmãozinhos dela ainda estão com sua mãe. Apesar de ela ser mais velha os pais de Cecília são muito protetores. Ela gosta muito de água e sempre chama o Máximus e a Alba para irem próximo do lago onde ela se diverte muito.

Apesar de ter amigos, Maximus se sentia muito sozinho às vezes. A Cecília e a Alba tem muitos irmãos e irmãs e uma família enorme, quando os pais delas a chamam ele acaba ficando sozinho. Máximus nunca soube o que aconteceu com a família dele, até o dia que estava cavando sozinho perto das raízes de um enorme Ipê e encontrou um bicho muito estranho. Quando o Máximus chegou perto o bicho disse:

- Timóteo, não é possível, é você meu grande amigo?

Máximos sem entender quem era aquele bicho que ele não conhecia, e também que conseguiu confundi-lo com outro logo respondeu:

- Não! Não sou Timóteo, meu nome é Máximus. Quem é você?  Timóteo era meu pai! Mas ele e minha mãe desapareceram à muito tempo quando eu ainda era filhotinho!

Os dois conversaram muito e Máximus descobriu que aquele bichinho era uma espécie de cigarra que ainda não havia saído da terra, já fazia pelo menos uns 15 anos que ela estava ali enterrada. Tanto tempo que chegou a conhecer os pais de Máximus,  Timóteo e  Mariazinha.

- Agora que você já sabe com quem te confundi deve estar muito curioso para saber sobre seus pais. Mas infelizmente também não sei deles, há alguns anos aconteceu uma grande queimada aqui, depois disso nunca mais soubemos deles. Eu nem sabia que você existia!! Na verdade meu caro, sua espécie está em extinção, não se vê mais tatus da sua espécie em qualquer lugar.

Neste dia Máximus ficou muito triste por não saber sobre seus pais, e por descobrir que está em extinção e que seria muito difícil ele encontrar uma namorada. Mas com o tempo percebeu que infelizmente muitos animais vivem assim como ele e então foi esquecendo isso. Alba e Cecília também ajudavam bastante colocando Máximus em tantas confusões que em pouco tempo nem pensava mais nisso.

Num dia estavam os três conversando na toca do tatu, falavam sobre o quanto cada um conseguia cavar. Sempre competiam para ver quem chegava primeiro em algum lugar, quem achava primeiro alguma raiz de árvore, e diversas outras coisas. Sempre quem ganhava era o Máximus, mas mesmo assim eles continuavam brincando.

Máximus adorava contar coisas que ouvia dos outros animais para as duas e eles se divertiam muito. Máximus sabia de muitos segredos.

- Sabem o cachorro Vinagre? Outro dia escutei quando ele estava cavando aqui perto. Ele achou um monte ossos que um cachorro do mato que já não mora aqui deixou lá. De vez enquanto ele vem ali pega algum e faz o maior charme pra namoradinha dele falando que demorou horas para achar o osso para ela. Pensei de pregar uma peça nele o que vocês acham?

A Alba foi a primeira a topar com o plano.
-Vamos sim!

E claro que Cecília já estava tramando o plano todo.
- Agente pode tirar os ossos e colocar outras coisas lá.

E foi assim que fizeram, o coitadinho do Vinagre passou muita vergonha quando cavou e não encontrou mais ossos para sua namoradinha...

E era sempre assim, pregavam diversas peças em todos os animais das redondezas. E como se divertiam em saber que ninguém saberia que foram eles que tramaram aquilo. Na verdade poucos animais da floresta sabiam que eles existiam ali, pois apesar de muito brincalhão eles não saiam de baixo da terra, tinham receio de não serem bem recebidos e por isso preferiam viver ali sozinhos.

Num dia os três decidiram fazer um piquenique bem longe dali, pois assim poderiam sair de baixo da terra sem que ninguém mais os visse, poderiam comer muitas frutas e comidas diferentes. Eles foram muito muito longe. E como cada um gostava de uma coisa diferente ficou cada um em um lugar. O Máximus adorava comer abacate e foi logo procurando pra todo lado um abacateiro para se deliciar com os frutos. Para Alba a maior felicidade era quando encontrava um cupinzeiro para se fartar de cupins, isso para ela era melhor que sorvete de creme com cobertura de chocolate! Cecília desde quando saíram da floresta só falava no lago, queria ficar perto da água em alguma sombra gostosa.

Já estavam se divertindo fazia um tempo, mas de repente algo tirou a atenção de todos. Alguma coisa estranha estava acontecendo. Máximus perguntou de longe:

- Vocês estão escutando este barulho? Nunca escutei isso antes, parece que alguma coisa está quebrando.
Alba e Cecília pararam por um instante para tentar saber do que Máximus estava falando, mas não escutaram nada.
- Máximus, eu não estou escutando nada, mas estou sentindo um cheiro bem diferente, talvez seja o vento que está trazendo isso. Apesar de não escutar nada de diferente Cecília ficou bem atenta por que seu amigo não era de errar.
- Eu nem escutei nem senti cheiro de nada, mas acho que devíamos voltar. Estou sentindo um calor insuportável aqui! E não estou gostando. Disse Alba que mesmo sendo muito corajosa e aventureira não queria mais ficar ali sabendo que Máximus ouvirá algo estranho. Estavam muito longe de casa e se algo de ruim acontecesse o que fariam?  Alba ainda nem havia terminado de pensar quando ouviu um grito desesperado:
-Saiam logo daqui seus malucos, não vêem que a floresta está pegando fogo! SE não fugirem serão devorados pelas chamas!! Vão corram, corram!
Os três ficaram todos perdidos, não sabiam quem estava gritando aquilo. Cada um correu para um lado, mas ninguém achava a toca do Tatu para voltarem! O fogo já estava chegando até eles quando a voz gritou novamente:
-Vamos, sigam o barulho do meu chocalho que vocês vão achar um bom esconderijo!!!!
Máximus, Alba e Cecília correram de encontro com a voz que os chamava, enquanto procuravam sentiam um calor enorme em volta deles, e o barulho do fogo queimando as árvores era assustador. As arvores pareciam gritar enquanto queimavam.
Quando todos já estavam dentro da toca a salvo queriam saber o que estava acontecendo.
- O que está acontecendo!!!! Gritaram os três como se fosse ensaiado.
- A floresta está pegando fogo! Respondeu a Cascavel que havia salvado os três.
- Quem é você? Perguntou Alba
- Sou uma cobra Cascavel, tenho um chocalho na ponta da cauda, usei ele para vocês conseguirem encontrar a toca.
- Dona Cascavel, muito obrigada! Mas e agora o que faremos? Não podemos mais sair da qui? Perguntou Cecília.
- Olhem não sei o que faremos, estamos de baixo de uma floresta em chamas, e logo aqui em baixo também estará muito quente. Acho melhor irmos seguindo pelos túneis e tentar sair em um lugar que ainda não esteja queimando.
- TEMOS QUE AVISAR AOS OUTROS ANIMAIS!!! Gritou Máximus desesperado ao se lembrar que todos os outros animais ainda não sabiam o que estava acontecendo, e o fogo os pegaria de surpresa.
- Máximus vamos correr pelos túneis até lá!
Todos os três foram correndo de volta para onde moravam, a Dona cascavel seguiu por outro túnel que daria próximo ao lago.
Quando chegaram de volta na floresta onde moravam, Máximus percebeu que de lá ouvia o mesmo som que antes, que agora ele sabia que era o barulho do fogo. Estava mais baixo, mas logo estaria lá.
Então Máximus começou a gritar desesperadamente:
- O fogo está vindo! O fogo está vindo! Fujam! Fujam! O fogo está vindo!!!
Mas os animais não estavam entendendo o que estava acontecendo e foram se aproximando. Não conheciam aqueles animais, e ficaram curiosos.
- Quem são vocês? Perguntou o Cachorro Vinagre.
- Isso não importa agora, uma grande queimada está se aproximando. Ela vai destruir tudo aqui. Vocês tem que fugir.
O Vinagre e todos os outros animais que já estavam ao seu redor entraram em desespero. O lugar onde moravam era cercado por um lado por um grande rio e por outro por uma montanha cheia de rochas. Não teriam escapatória. Não demorou muito para que alguns começarem a chorar de tanto medo. O Gato morisco estava desesperado e gritava:
-E agora vamos todos morrer aqui engolidos pelo fogo! Eu não tenho sete vidas, Socorrooooo!
Na verdade estavam todos desesperados
 Foi quando Cecília saiu da toca com muita vergonha, se aproximou e disse:
- Eu tenho um plano!
Todos olharam para ela com a mesma cara de espanto que olharam para Máximus, e ela continuou.
- Somos animais que moramos de baixo da terra. Se conseguirmos colocar todos vocês aqui em baixo talvez fiquemos a salvo. Cecília terminou de dizer e esperava a resposta de alguém.
- Isso não vai dar certo! Como vamos caber todos? Perguntou o Tamanduá.
Máximus se lembrou da estória de seus pais e sobre a queimada. Ele não poderia deixar que aqueles animais se ferissem.
-Eu vou cavar um grande túnel, se todos me ajudarem dará certo! Temos que tentar!
Máximus nem esporou nenhuma resposta e enfiou o focinho na terra cavando desesperadamente, Cecília e Alba fizeram o mesmo. Todos os outros animais começaram a ajudar de alguma forma. O cachorro Vinagre, o Tamanduá, a Loba-Guará começaram a cavar também. Os outros animais que não conseguiam cavar saíram avisando aos demais sobre o plano. Logo já havia se formado uma fila enorme de animais esperando para poderem entrar no túnel. Enquanto esperavam todos comentavam na fila:
- Quem será esse animal corajoso que está fazendo isso?
- Dizem que é um Tatu canastra, nunca vi um desses por aqui! Disse o ouriço.
- O que é um tatu papai? Perguntou o filhotinho de ouriço Cacheiro
- Eu não sei direito, mas ele é um mamífero como nós só que vive de baixo da terra cavando. Deve estar em extinção por que nunca vi nenhum por aqui.
Conforme a fila de naimais conseguia ir entrando no túnel o medo da quimada diminuía e a curiosidade de conhcecer os heróis aumentava. Mas enquanto isso Máximus, Alba e cecília estavam a frente cavando com toda a força que tinham para conseguirem salvar todos.
Eles conseguiram cavar um turno enooorme por de baixo do rio, e saíram do outro lado dele. Todos animais foram passando. O rio não deixaria a queimada chegar até eles.
Quando já estavam todos a salvo, o medo havia passado mas curiosidade não.
Os animais queriam saber quem foi o tão destemido animal que conseguiu salvar a todos.
Máximus assim como suas amigas, estava exausto. Eles estavam comemorando a proesa que conseguiram enquanto todos os outros animais foram formando um circulo envolta deles, curiosos para saber quem eram aqueles bravos heróis.
A cascavel chamou a atenção de màximus chocalhando seu chocalho.
- Tchatchátcha. Máximus estamos todos aqui querendo agradecer a você e suas amigas por trem salvo nossas vidas.
Máximus parou por um instante e parecia olhar para o horizonte, quando disse:
São tantos animais assim? Não posso ver nenhum.
Todos os animais ficaram sem entender. O que gerou o maior alvoroço.
- Como assim?
- É que somos cegos! Só consigo escutá-los e sentir os seus cheiros. Mas agora prestando mais atenção percebi que tem mesmo muitos animais aqui. Consigo sentir que a loba-guará está ali logo perto do pé de pequi, também estão o cachorro Vinagre, os Ouriços, o Tamanduá... E continuou até identificar todo mundo que estava lá.
Ninguém falava uma palavra, estavam todos admirados com aquilo. Como um animal que não enxerga poderia fazer tudo aquilo!!!!

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